segunda-feira, 11 de março de 2024

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA



A alfabetização exige recursos e caminhos para nossas crianças se apropriarem e desenvolverem as habilidades de percepção, discriminação auditiva, bem como a composição gráfica de grafema=fonema.
Há algumas crianças que exigem mais tempo, mais treino, mais observação, mais contato com material de estimulação manual, visual e de letramento.
Deste modo no processo de alfabetização nos anos iniciais requer que a consciência fonológica seja trabalhada de forma lúdica para que favoreça o desenvolvimento no indivíduo das habilidades de percepção e manipulação da estrutura sonora das palavras. Por não ser algo homogêneo, a consciência fonológica apresenta diferentes níveis, ou seja, o nível da consciência de palavras que formam a frase, o da consciência de sílabas e, posteriormente, a consciência de fonemas. Cada um deles pode contribuir para o desenvolvimento dos outros, que por sua vez irão repercutir no aprendizado da leitura e da escrita. Existem muitas maneiras de estimular a consciência fonológica, mas, se o processo for lúdico, o resultado será mais satisfatório.

Jogos com rimas


A sensibilidade às rimas surge com bastante facilidade para a maioria das crianças. Por isso, os jogos com rimas são uma excelente iniciação à criação da consciência fonológica. Por direcionar a atenção das crianças às semelhanças e diferenças entre sons das palavras, esses jogos são uma forma útil de desenvolver a percepção de que a língua não tem apenas significado e mensagem, mas também uma forma física.

Enfatizando a rima por meio do movimento
Materiais:
★ Aparelho de som e CD de músicas infantis rimadas Objetivos:
★ Concentrar a atenção das crianças na rima

O jogo multissensorial é, em geral, um meio valioso de atrair a atenção de crianças pequenas. A tradicional música infantil oferece uma base excelente para experimentar movimentos físicos no ritmo da rima. 
Confira:
1. As crianças sentam-se em círculo com as duas mãos fechadas à frente. 
2. Enquanto todas cantam a música, a pessoa que é a "escolhida" movimentase em torno do círculo e, suavemente, marca com batidas as palavras, primeiro na mão direita, depois na esquerda de cada criança. 
3. Uma criança cuja mão seja batida na última palavra, ou na palavra que rime, de cada verso (ou seja, em uma das palavras "mágicas") deve colocar essa mão nas costas. Assim que esconder ambas as mãos, a criança estará fora.
4. A última que permanecer com uma das mãos ainda à frente, torna-se "a escolhida". Por exemplo: em O sapo não lava o pé, as palavras "mágicas" estão em negrito.
O sapo não lava o pé
Não lava porque não quer
Ele mora lá na lagoa
Não lava o pé
porque não quer
mas que chulé!
Variação:
Amplie o jogo com outras rimas presentes em parlendas e músicas como Uni, duni, tê, Um, dois, feijão com arroz, Cai, cai, balão, Marcha soldado, entre outras.

Este navio está levando um (a)...
Materiais:
★ Bola ou saquinho com grãos para atirar.

 Objetivos:
★ Ensinar as crianças a responder rapidamente

1. Peça que as crianças sentem-se em círculo. 
2. Para começar o jogo, diga: "O navio está levando um melão". 
3. A seguir, jogue a bola para alguma criança do círculo. Ela deverá pensar em outra carga para o navio levar e que rime com melão, como "o navio estão levando um botão", e jogar a bola de volta para você. 
4. Repetindo sua rima original (o navio está levando um melão), jogue a bola para outra criança, a qual deverá pensar em uma terceira carga (pão, por exemplo). 
5. Continue o jogo até que as crianças não tenham mais rimas. Então recomece com uma nova rima. 
6. Quando as crianças estiverem boas nas rimas, cada uma pode atirar a bola para outra em vez de atirá-la de volta para você.

Jogos com consciência silábica

A existência e a natureza das sílabas são introduzidas pedindo-se às crianças que batam palmas e contem as pulsações de seus próprios nomes. Estendendo esse desafio a uma série de palavras diferentes, o conceito de sílaba é fortalecido e enriquecido nas crianças.

Batendo palmas para os nomes
Objetivos:

★ Apresentar às crianças a natureza das sílabas, fazendo com que batam palmas enquanto contam as sílabas de seus próprios nomes:
1. Quando introduzir essa atividade pela primeira vez, demonstre-a usando vários nomes de tamanhos contrastantes. Pronuncie o primeiro nome de uma das crianças na sala de aula, sílaba por sílaba, enquanto bate palmas, por exemplo, A-na. 
2. Convide as crianças a dizer outros nomes e a bater palmas com você. 
3. Depois de bater palmas para cada nome, pergunte: "Quantas palmas vocês ouviram para esse nome?". Quando as crianças tiverem compreendido, peça que cada uma bata as palmas para o seu próprio nome.
Dica esperta!
Essa atividade pode ser feita com um canto rítmico, como: "Tome, tome, tome / Qual é seu nome?"

A caixa das sílabas
Materiais:
★ Uma caixa com vários objetos ou figuras de vários objetos
Objetivos:
★ Reforçar a capacidade das crianças de analisar palavras em sílabas

1. Junte uma série de objetos em uma caixa. Certifique-se de que haja objetos cujos nomes tenham diferentes números de sílabas. 
2. Convide um aluno a fechar os olhos, escolher um objeto e, de olhos abertos, nomeá-lo. Por exemplo: "Isto é um lápis". 
3. Todas as crianças deverão repetir o nome do objeto escolhido enquanto acompanham suas sílabas com palmas: lá-pis. 
4. Pergunte quantas sílabas foram ouvidas, cuidando para que ninguém fale rápido demais, antes dos outros.
Variação:
★ Depois que as crianças dominarem bem o jogo, você pode ampliá-lo: 
★ Usando a linha superior de um pequeno quadro, escreva os números 1, 2, 3, 4 e 5, da esquerda para a direita.
★ Peça que uma criança tire uma figura da caixa e, usando o mesmo procedimento dos objetos, bata palmas e conte o número de sílabas. 
★ A seguir, a criança deve colocar o cartão com a figura abaixo do número correspondente no quadro, por exemplo: o cartão com a figura do lápis deverá ser colocada na coluna com o número 2.

Papo de ogro
Materiais:
★ Aparelho de som e CD de músicas infantis rimadas Objetivos:
★ Reforçar a capacidade dos alunos de sintetizar palavras a partir de sílabas separadas.


1. Convide todos a sentar em círculo e envolva-os em uma história:
Era uma vez um ogro gentil e pequenino, que adorava das presentes às pessoas. O único problema é que o ogro sempre queria que as pessoas soubessem qual era o presente antes de dá-lo. Mas o ogrozinho tinha uma maneira muito estranha de falar. Se ele fosse falar à criança que o presente era uma bicicleta, ele dizia "bi-ci-cle-ta". Só quando a criança adivinhasse qual era o presente é que ele ficava completamente feliz.
1. Agora, finja ser o ogro e caminhe pela sala, dando um "presente" a cada criança, pronunciando o nome do presente sílaba por sílaba. 
2. Quando a criança adivinhar a palavra, ela deve indicar outra criança para ganhar um presente.
Fonte: http://revistaguiainfantil.uol.com.br/


Professores e profissionais na área de alfabetização já devem estar cientes da importância e do enfoque atual voltado à Consciência Fonológica principalmente para o processo inicial de leitura e de escrita.
Já disponibilizo material sobre o tema neste blog. Adapto e aplico com meus aprendizes na sala de Apoio pedagógico no contra turno com ritmo diferenciado da maioria dos colegas de classe.
Com planejamento, confecção de material apropriado e usando muita criatividade, muito podemos auxiliar as crianças que demandam de mais tempo para compreensão e significado da leitura e da escrita.
Encontrei este material sucinto, esclarecedor e prático que pode auxiliar muito sobre o tema CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA.
Bom proveito e sucesso! (Rosangela Vali)

Fonte:
http://de.slideshare.net/anthonielly/conscincia-fonolgica-revistoabril2013

Neste ano estou com algumas crianças com muita dificuldade em reconhecer e assimilar fonema e fonema com grafema correspondente.Por isto reuni mais material de pesquisa na NET para servir de repertório de imagens, cópias e adaptações para criação de próprio material, conforme as prioridades que tenho no momento.Ampliarei a postagem com minhas próprias experiências.
Compartilho para que tenhamos proveito e resultados.
Rosangela Vali

A consciência fonológica refere-se à percepção do som da fala. É uma capacidade cognitiva a ser desenvolvida, a qual contribui no processo de aquisição da leitura e da escrita. Sua importância está ligada a compreensão do principio alfabético e ao desenvolvimento de habilidades como o reconhecimento de sílabas e fonemas numa palavra.
O uso da consciência fonológica por professores alfabetizadores é de grande importância, visto que esta ajuda no desenvolvimento de habilidades pelo aprendente, essas habilidades estão relacionadas à correspondência grafonemica, onde “o sistema alfabético de escrita associa um componente auditivo fonêmico a um componente visual gráfico” (GUIMARÃES, 2006). E para se compreender o sistema alfabético são necessárias algumas habilidades como “a consciência de que é possível segmentar a língua falada em unidades distintas e a consciência de que essas mesmas unidades repetem-se em diferentes palavras faladas” (GUIMARÃES, 2006), isso corresponde a consciência de sílabas e a consciência de palavras. Podendo-se então utilizar recursos da consciência fonológica para obter esses resultados, ou seja, para se ter “o conhecimento geral dos segmentos que compõe a fala (rimas, aliterações, sílabas e fonemas).” (GUIMARÃES, 2006)

Embora o objetivo maior da leitura e escrita seja a produção e interpretação de diferentes tipos de texto, não é possível chegar efetivamente a tais habilidades sem o prévio desenvolvimento da consciência fonológica e sem o conhecimento das correspondências entre as letras e os sons. Por isso, as atividades de interpretação e de produção de textos são iniciadas apenas após os alunos já terem adquirido algumas habilidades essenciais no níveis da letra e da palavra, conforme recomendado por pesquisadores em todo o mundo.

Consciência Fonológica

Abaixo seguem alguns exemplos de atividades que estimulam o desenvolvimento da consciência fonológica em vários níveis (palavra, sílaba, rima, aliteração e fonema).

Consciência de Palavras: substituir uma pseudopalavra por uma palavra correta.

1 – Uma mesa tem quatro mecas. 

2 – O menino comeu telos.

Consciência silábica: categorizar figuras conforme a sílaba inicial de seus nomes.

bolo+boneca
casa+cabide
maçã+mágico

Rimas:

exemplo 1 - Diga:
um animal que termina com /to/ [gato, pato, rato].
um animal que termina com /co/ [macaco, porco, marreco]

exemplo 2 - Categorização de cartas de acordo com o som final.


Aliterações: colorir figuras que iniciam com o mesmo som da figura alvo – BONECA – /b/



Atividade de manipulação silábica (adição e subtração de sílabas):

a) Vamos formar palavras novas. Vamos usar essas formas geométricas aqui e vamos dizer como ficam as palavras se nós colocarmos ou tirarmos as partes. Por exemplo, esse círculo aqui é /meu/. [Colocar o círculo].

Fica /comeu/. Vocês viram! Nós formamos uma palavra diferente.

Identidade Fonêmica: teatro de fantoches em que uma das personagens fala algumas palavras “bobas”, trocando os fonemas.
” … Mas eu não gosto de Cutebol, eu gosto mais de Fôlei. Tinha umas meninas brincando de Goneca…”

Consciência fonêmica: adição de fonemas.

Ensino das correspondências letra-som:

Exemplo de atividade:

Letra inicial:
classificar por imagens ou palavras a cada letra








Fala e ampliação de vocabulário-
identificação de sons diferentes:

- Realização do jogo 
“Bingo dos Sons


Trabalhar a letra inicial e pode adaptar para 
o bingo da sílaba inicial:



Diversas pesquisas revelam que “a consciência fonêmica é o melhor preditor para a aquisição da leitura e escrita, devendo, durante a alfabetização, ser treinada, uma vez que não surge espontaneamente nas crianças” (JARDINI E SOUZA, 2006). De acordo com pesquisas de GOMES, CAMPOS, NASCIMENTO e NOGUEIRA (2006) seguindo-se as realizações de atividades de consciência fonológica foi constatado que as “crianças evoluíram na escrita, produções de texto e leituras, demonstrando um melhor desempenho na leitura e compreensão de histórias ou enunciados de atividades”. Certificando que o trabalho com consciência fonológica contribui de forma significativa no aprendizado dos educandos.

ALFABETIZAÇÃO

Os sons da língua

Antes da alfabetização, é muito importante despertar a consciência fonológica nas crianças

Por Eloísa Bombonatti*
Objetivos:

★ Refletir sobre o sistema alfabético
 Estimular o desenvolvimento da consciência fonológica
★ Reconhecer e distinguir sons

Faixa etária: 4 a 6 anos

Fotos e ilustrações: Shutterstock
Antes que possa ter qualquer compreensão do princípio alfabético, as crianças devem entender que aqueles sons associados às letras são os mesmos sons da fala. Para quem já sabe ler e escrever, essa compreensão parece muito básica, quase transparente. No entanto, as pesquisas demonstram que a própria noção de que a linguagem falada é composta de sequências desses pequenos sons não surge de forma natural ou fácil em seres humanos.
As pequenas unidades da fala que correspondem a letras de um sistema de escrita alfabética são chamadas de fonemas. Sendo assim, a consciência de que a língua é composta desses pequenos sons se chama consciência fonológica. Pesquisas indicam que, sem apoio de uma instrução direta, a consciência fonológica escapa a cerca de 25% das crianças em fase de alfabetização, que acabam apresentando sérias dificuldades para aprender a ler e escrever.

Dica de leitura!
 Consciência Fonológica em Crianças Pequenas Autores: Marilyn J. Adams, Bárbara Foorman, Ingvar Lundberg, Terri Beeler Editora: Artmed Editora Preço: R$ 52,00 Onde encontrar: www.artmed.com.br
 Alfabetização: Método Fônico Autores: Alessandra Capovilla e Fernando Capovilla Editora: Memnon Edições Científicas Preço: R$ 98,30 Onde encontrar:www.memmon.com.br
É necessário, portanto, encontrar formas de fazer com que as crianças notem os fonemas, descubram sua existência e possibilidade de separá-los, para ajudá-las a desenvolver a consciência fonológica. As atividades a seguir são jogos em que as crianças precisam escutar as semelhanças, diferenças, quantidades e ordem dos sons na fala, e são importantes para que, posteriormente, elas possam discriminar os sons das letras, sílabas e palavras.

Os sons da língua

Antes da alfabetização, é muito importante despertar a consciência fonológica nas crianças

Por Eloísa Bombonatti*

Objetivos:

★ Possibilitar que as crianças explorem seu poder de escuta e pratiquem sua atenção em determinados sons de seu interesse

Materiais:
 Gravações de diversos sons
 Aparelho de som
Nosso mundo é cheio de sons. Com esse jogo, as crianças irão descobrir que, se escutarem atentamente, podem ouvir sons da rua, dentro de casa e até dentro delas mesmas.
1. Antes de começar, fale sobre as diferenças entre escutar com os olhos fechados e abertos. A seguir, peça às crianças que se sentem de olhos fechados e somente escutem por alguns instantes.
2. Depois de alguns minutos, convide-as para citar alguns sons que tenham ouvido. Entre os sons que poderão ser ouvidos, estão os seguintes:
• ato de engolir
• pássaros
• ruído da copa das árvores
• passos
• batimentos cardíacos
• vento
• ventilador
• pingos de chuva
• caminhões
• carros
• relógios
• vozes
• latido de cães
• respiração
• zumbido de insetos
Variação: ouvindo sequência de sons
Reproduza dois sons, um após outro. As crianças devem apontar quais são os dois sons em sequência, dizendo: "Havia dois sons, primeiro ouvimos_________ e depois ouvimos_________". Quando as crianças estiverem à vontade nos pares de sons, vá aumentando a série.
Objetivos:

 Estimular a disposição das crianças para escutar de forma sensível e atenta

O gato mia
1. Peça que as crianças se sentem, em círculo. Uma delas, de olhos vendados, deve sentar-se no centro do círculo (ou deitar, fingindo estar dormindo). Enquanto isso, peça que outra criança faça o papel de "gato".
2. O "gato" vai a uma parte qualquer da sala e mia.
3. A criança que está no centro do círculo deve tentar apontar para o "gato". Além disso, deve tentar dizer em que parte está o "gato" e qual é a sua posição - se está, por exemplo, deitado no chão ou sentado em uma cadeira. O objetivo é indicar de que parte da sala o som está vindo.
4. Quando a criança no meio do círculo tiver descoberto de onde vem o som, a que estiver se escondendo vai para o meio da sala e, então, é escolhido um novo "gato".
Dica esperta!
As crianças podem utilizar sons que não sejam de animais, ligados a um determinado tema que esteja sendo estudado na sala de aula, como meios de comunicação, transportes etc.
Os sons da língua

Antes da alfabetização, é muito importante despertar a consciência fonológica nas crianças


Por Eloísa Bombonatti*
Objetivos:

 Identificar um som específico a partir de muitos sons semelhantes que escutarão ao mesmo tempo

Sussurre seu nome
Material:
• Venda para olhos
1. Escolha uma criança (o "ouvinte") e dirija-se com ela para outra parte da sala onde, juntos, vocês possam escolher em segredo o nome de alguma outra criança da sala de aula.

2. A seguir, vende os olhos do ouvinte.
3. Enquanto isso, todas as outras crianças ficam de pé, em círculo, sussurrando seus próprios nomes.

4. O ouvinte é guiado em torno do círculo pelo adulto, escutando, em busca do nome que foi escolhido.

5. Ao ouvi-lo, o ouvinte abraça aquele que falou o nome escolhido.
Objetivos:

★ Desenvolver a capacidade das crianças de prestar atenção a diferenças entre o que esperam ouvir e o que realmente ouvem

Sem sentido
Materiais:
 Livros de histórias ou poemas conhecidos
1. Convide as crianças a sentar e fechar os olhos, de modo que possam se concentrar naquilo que ouvem.
2. A seguir, conte uma história ou recite uma poesia conhecida em voz alta para as crianças, mas, de vez em quando, troque suas palavras ou frases, mudando seu significado para algo sem sentido.
3. O desafio para as crianças é detectar tais mudanças sempre que ocorrerem. Quando o fizerem, estimule-as a explicar o que está errado. À medida que o jogo for sendo jogado, inclua variações mais sutis ao longo do ano.
4. Pode-se alterar qualquer texto de maneira mais ou menos sutil, em uma série de níveis diferentes, incluindo fonemas, palavras, gramática e significado. Nas primeiras vezes em que se joga, é importante que as mudanças resultem em violações do significado e da organização do texto que sejam relativamente óbvias. Veja alguns exemplos de coisas "sem sentido" que podem ser criadas com poemas e rimas conhecidos:
Dica esperta!
Não se esqueça de alternar, de surpresa, pedindo ora para todo o grupo, ora pra uma criança só responder.
Saiba mais!
Essa atividade também é útil para apurar a consciência das crianças acerca da fonologia, do léxico, da sintaxe e da semântica da língua.
Eloísa Bombonatti é psicopedagoga, escritora de livros didáticos para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos e assessora editorial da obra Voo Mágico, de Educação Infantil, pela Escala Educacional

 

¨Um bom domínio da linguagem oral e um certo nível de consciência fonológica constituem não só pré-requisitos para a iniciação à leitura e à escrita mas também factores promotores da formação de bons leitores.

•O treino fonológico tem efeitos positivos no nível de consciência fonológica e na iniciação à leitura e à escrita em crianças com diferentes níveis de desempenho na aprendizagem. 

 
Exercícios para desenvolver a consciência fonológica são muito importantes.
Alguns exercícios simples ajudam a desenvolver a consciência fonológica:
rimas;
separar palavras em sílabas;
identificar palavras com o mesmo som inicial;
identificar palavras ou sílabas com o mesmo som final;
contar os sons que fazem parte das palavras;
manipular sons nas palavras (dizer fato, mas sem o f inicial).

Algumas sugestões de atividades:

A palavra é....
_ Dividir a turma em grupos (alunos com níveis de aprendizagem diferenciados).
_ Em cada momento um aluno será o representante do grupo, até que todos
tenham participado.
_ O grupo pode cochichar com seu representante, no sentido de ajudá-lo a
elaborar a resposta.
_ O(a) professor (a) diz a palavra e discute com os alunos o seu significado,
inclusive utilizando o dicionário)
_ O representante do grupo deve acrescentar uma consoante antes da vogal que
forma a primeira sílaba e formar uma outra palavra. Não se esqueça, esta é
uma atividade oral.
_ Exemplo 1: A palavra é... ato. Possíveis palavras que podem ser formadas:
fato, gato, bato, lato, mato, pato, rato, tato, chato, etc
_ Exemplo 2: A palavra é...ela. Possíveis palavras que podem ser formadas:
nela, vela, mela, pela, gela, bela, etc


Imitando o Cebolinha (turma da Mônica):
_ Antes de desenvolver esta atividade deve se trabalhar o
gênero história em quadrinhos, utilizando, inclusive, a revistinha
Turma da Mônica.
_ Dividir a turma em grupos (alunos com níveis de aprendizagem diferenciados).
_ Em cada momento um aluno será o representante do grupo, até que todos
tenham participado.
_ O grupo pode cochichar com seu representante, no sentido de ajudá-lo a
elaborar a resposta.
_ O(a) professor(a) propõe que falará palavras como se fosse o Cebolinha e o
representante do grupo deve corrigi-la, pronunciando a palavra corretamente.
_ Cebolinha fala: glaça. O representante corrige: Cebolinha, a palavra é graça.
_ Outras palavras: flaca, blanca, Flança, blinca, etc
_ Perguntar aos alunos qual é a letra que o Cebolinha troca.
Cebolinha ao contrário (Segunda versão da brincadeira “Imitando o
Cebolinha”)
_ O(a) professor(a) fala as palavras certas e o representante do grupo fala
imitando o Cebolinha.

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA OU VALOR POSICIONAL DAS LETRAS
Mais uma letra
_ Dividir a turma em grupos (alunos com níveis de aprendizagem diferenciados).
_ Em cada momento um aluno será o representante do grupo, até que todos
tenham participado.
_ O grupo pode cochichar com seu representante, no sentido de ajudá-lo a
elaborar a resposta.
_ O(a) professor(a) diz uma palavra e o representante do grupo deve transformá-la,
utilizando o R na primeira sílaba, independente se antes ou depois da
vogal..
_ Exemplo 1: Professor(a): pato - Aluno: prato ou parto
_ Exemplo 2: Professor: ala - Aluno: rala
_ Exemplo 3: Professor: caro – Aluno: carro.
_ Trocar a utilização do R por L, M, N.
_ Em outro momento essas atividades podem ser trabalhadas utilizando
alfabeto móvel e ou escrita, para trabalhar a capacidade de relacionar o
fonema com o grafema.


RELAÇÃO FONEMA/GRAFEMA
Qual é a letra? (trabalhar sílabas não canônicas)
_ Dividir a turma em grupos (alunos com níveis de aprendizagem diferenciados).
_ Em cada momento um aluno será o representante do grupo, até que todos
tenham participado.
_ O grupo pode cochichar com seu representante, no sentido de ajudá-lo a
elaborar a resposta.
_ O(a) professor(a) apresenta uma ficha com a palavra completa e a palavra
incompleta para o aluno completá-la formando outra palavra.
_ Exemplo 1: ficha com as palavras
PATO
VIRA
P....ATO
PACA
VIRA
P....ACA
POTE
VIRA
PO....TE

COMPREENSÃO DA NATUREZA ALFABÉTICA DO NOSSO SISTEMA DE ESCRITA
Só mais duas:
_ Dividir a turma em grupos (alunos com níveis de aprendizagem diferenciados).
_ Em cada momento um aluno será o representante do grupo, até que todos
tenham participado.
_ O grupo pode cochichar com seu representante, no sentido de ajudá-lo a
elaborar a resposta.
_ O(a) professor(a) apresenta uma palavra no quadro e desafia os grupos a
formarem mais palavras obedecendo as regras seguintes:
_ A nova palavra formada deve conter todas as letras da palavra original.
_ Além das letras da palavra original a nova palavra deve ter mais duas
letras diferentes.
Exemplo 1 :Apresentar a palavra copa. 
Analisar com os alunos onúmero de letras e sílabas da palavra. Os alunos, utilizando o alfabeto móvel,deverão forma outras palavras, seguindo a regra acima: capado – pecado –picado – pipoca – tapioca, etc.
_ Analisar com os alunos se aumentando 2 letras, aumentou o número
de sílabas ou não.

Brincando de detetive:
_ Dividir a turma em grupos (alunos com níveis de aprendizagem diferenciados).
_ Em cada momento um aluno será o representante do grupo, até que todos
tenham participado.
_ O grupo pode cochichar com seu representante, no sentido de ajudá-lo a
elaborar a resposta
_ A professora apresenta uma palavra “embaralhada” para o grupo descobrir
qual é a palavra, obedecendo o tempo dado por ele. (comece com um tempo
maior e vá diminuindo à medida que os alunos desenvolvam).
_ Apresentar para o grupo A: bosmar (sombra) – grupo B: nafasamt (fantasma)
Grupo C: meseten (semente), etc.

LEITURA
Saber ler reconhecendo globalmente as palavras
Qual é a frase?
_ Dividir a turma em grupo (alunos com níveis de aprendizagem diferenciados).
_ Em cada momento um aluno será o representante do grupo, até que todos
tenham participado.
_ O grupo pode cochichar com seu representante, no sentido de ajudá-lo a
elaborar a resposta
_ Colocar uma frase escrita em cartões (cada palavra num cartão) colados no
quadro, virados.
A menina caiu da bicicleta e quebrou a perna.
_ Dar a vez ao representante de cada grupo falar uma possível palavra da frase,
de acordo com as dicas do(a) professor(a).
_ Professora para o grupo 1:
_ A frase fala de uma pessoa que ainda não cresceu.
_ O grupo tem 2 chances para dizer menina se não disser outro grupo pode
dizer, se acertar ganha o ponto
Professor para o grupo 2:
_ A frase fala de um acidente que a menina sofreu.
Professora para o grupo 3:
_ A frase fala de onde ela caiu.
_ Professora para o grupo 4:
_ A frase nos conta o que aconteceu quando a menina caiu da bicicleta..
O grupo deve ler a frase toda. Ganha um ponto se ler corretamente.
_ Saber decodificar palavras e textos escritos
_ Pedir ao representante de cada grupo para ler a frase.
_ Fazer a leitura coletiva (turma) da frase.
_ Formar frases menores e pedir aos representantes dos grupos que as leiam:
A menina caiu. - A menina caiu da bicicleta. - A menina quebrou a perna. - A
menina quebrou a bicicleta. - A bicicleta caiu. - etc

Monta\desmonta
Construir a compreensão global do texto lido, unificando e inter-relacionando
informações explícitas e implícitas, produzindo inferências.
_ Dividir a turma em 12 grupos (duplas de alunos com níveis de aprendizagem
diferenciados).
_ O(a) professor (a) deve dizer aos alunos que trouxe um texto (gênero híbrido:
história em forma de poesia) todo cortado em fichas para que pudessem
deixar exposto, enfeitando a sala, mas que quando chegava na escola
aconteceu um acidente: o vento soprou tão forte que todas as fichas voaram.
Agora ela precisava da ajuda dos alunos para montá-lo novamente.
Ela irá distribuir o texto xerocado e ler, na ordem certa, pelo menos 3 vezes.
O(a) professor(a) deverá distribuir o texto fatiado, entre os grupos dos alunos. Pedir as partes do texto e o grupo que estiver com a ficha correspondente deve fixá-la no quadro, na ordem certa. Vale consultar o texto xerocado.
1) Tragam a ficha que apresenta o personagem principal,
2) a ficha que fala o que ela era antes de ser menina,
3) a ficha que fala de como ela vivia,.
4) a ficha que fala onde ela vivia,
5) a ficha que fala do tipo do acidente ocorrido,
6) a fichas que fala de quem provocou o acidente,
7) a ficha que fala do lugar onde a fada Rebeca guardava a varinha mágica,
8) a ficha que fala sobre o que caiu de cima do armário.
9) a ficha que fala de como a varinha caiu de cima do armário
10) a fichas que fala o que veio voando.
11) a ficha que fala em quem a varinha de condão bateu.
12) a ficha que conta que a varinha bateu muito de leve na boneca.
13) a ficha que conta o que aconteceu quando a varinha bateu na boneca.
14) Leitura coletiva do texto todo, utilizando as fichas e possíveis leituras individuais.
15) Valendo 3 pontos: por que na última estrofe da poesia o autor chama a boneca
de pobre? “Bateu na pobre boneca...”
16) Valendo 3 pontos: Quem sabe dizer qual foi a transformação que aconteceu.
17) Valendo 5 pontos: Cada grupo cria um título para o texto. A turma convida a
especialista da escola para escolher o melhor título. O grupo, criador do título
escolhido ganha 5 pontos.
_ Quem fizer mais pontos ganha o jogo.
O texto:
Era uma vez uma menina
Que um dia foi boneca.
Vivia sozinha, esquecida
Na casa da fada Rebeca.
Foi um acidente fatal.
A borboleta Formosa
Derrubou de cima do armário
A varinha poderosa.
Veio voando no ar
A varinha de condão.
Bateu na pobre boneca
Feito nuvem de algodão
BUM! Que transformação!

Contribuição – Sala de Apoio Pedagógico
Professora Rosangela L. Scheuer Vali
2011

Definição: CF = (Consciência Fonológica)
Capacidade metalinguística que permite analisar e refletir, de forma consciente, sobre a estrutura fonológica da linguagem oral.

Características do desenvolvimento:
  • Inicia-se desde cedo.      
  • Desenvolvimento progressivo ao longo da infância.
  • Depende de:
    - Experiências linguísticas.
    - Desenvolvimento cognitivo da criança.

    -Características específicas de diferentes capacidades de CF.
    - Exposição formal ao sistema alfabético, com a aquisição de leitura e escrita.
  • Apesar deste desenvolvimento nem sempre ocorrer na mesma ordem, os estudos são unânimes quando referem que o nível mais complexo de CF e, portanto, a última capacidade a surgir, é a consciência fonêmica.
Desenvolvimento fonológico
  • 1 – 2 meses
    - Distinção dos sons com base no fonema.
  • 30 meses
    - Detecção de eventuais erros na produção do seu enunciado ou no dos outros interlocutores (auto-correcções).
  • 36 meses
    - Distinção de todos os sons da sua língua materna, pelo que consegue distinguir as cadeias sonoras aceitáveis na sua língua, corrigindo as não passíveis.
  • 3 - 4 anos

- Sensibilidade às regras fonológicas da sua língua.
- Manifestam capacidades de CF: reconhecem rimas e aliterações, identificando as primeiras.
- Prazer lúdico com as rimas através de jogos de sons e de palavras, nas quais a criança faz deturpações voluntárias, criando palavras novas (aldrabão/trapalhão – traldrabão).
- A produção de rimas é uma tarefa mais fácil, comparativamente à de segmentação de sons ou de identificação fonêmica.
- Dificuldades em identificar a palavra no contínuo sonoro, competência que é consolidada ao longo do percurso escolar. 

  • 4 anos
    -Maiores dificuldades em tarefas de consciência fonêmica quando comparada à silábica.
    - Capacidade de segmentar silabicamente unidades lexicais compostas por duas sílabas.
    - Maiores dificuldades na segmentação de palavras polissilábicas e/ou monossilábicas.
  • 5 anos
    - Capacidades metafonológicas ao nível do fonema 
    e do traço distintivo, desde que as tarefas sejam adaptadas à realidade linguística e cognitiva da criança.
  • 6 anos
    - Domínio, quase total, da capacidade de segmentação silábica. 
    - Maiores dificuldades nas tarefas relativas à consciência fonêmica  pois ainda não há o apoio da escrita. No entanto, com a aprendizagem da leitura há conhecimento adicional sobre a estrutura linguística.
    - A CF vai-se complexificando, sendo necessário receber instruções formais que explicitem as regras de correspondência dos sons da fala na escrita alfabética (relações fonema/grafema).
    - Desenvolvimento da consciência fonêmica.
  • A partir dos 6 anos- Maior desenvolvimento das capacidades metafonológicas, devido à aquisição da escrita.- Domínio de todos os níveis de CF. 

Relação entre a consciência fonológica e a
 leitura e escrita



A escrita alfabética da língua portuguesa é, essencialmente, fonêmica  a qual se estabelece através do princípio alfabético da escrita: a unidade escrita (grafema) é relacionada à unidade sonora da palavra (fonemas) (Gathercole & Bradedeley, 1993 cit. por Freitas, 2004) através da reflexão acerca dos sons da fala e sua relação com os grafemas, o que, por sua vez, requer o acesso à CF (Freitas, 2004; Teles, 2004).



Desenvolver estratégias adequadas para o processamento da aprendizagem da consciência fonológica não significa equivocar-se transformando as hipóteses da  construção da escrita, desenvolvidas nas pesquisas de Ferreiro (2010), em atividades de sala de aula. O professor precisa traçar estratégias que combine, nas atividades de sala de aula, o domínio da decodificação com o trabalho de construção de significado (Capovilla & Capovilla, 2007). 

Essas estratégias provavelmente não serão facilmente compreendidas pelo educador, devido a sua forte formação tecnicista, que o conduz às atividades pontuais, mas também por exigir intervenções pedagógicas, “mediação” na construção dessa aprendizagem. Sem dúvida, esse processo construtivo exige a formação de um educador reflexivo capaz de aplicar o seu conhecimento no monitoramento atencioso e cuidadoso. 

Portanto, não basta selecionar algumas estratégias de ensino de consciência fonológica e transpô-las para a prática. Na medida em que o educador avance no conhecimento da linguística, especialmente da fonologia, e das psicologias modernas é que poderá pensar numa prática interdisciplinar e intervir conscientemente na aprendizagem dos alunos. 

O que o educador precisa saber sobre consciência fonológica. 

A linguística, especialmente a fonologia, pode colaborar com a formação do educador acerca do conhecimento da estrutura da língua, esse conhecimento inclui a apreensão do conceito de consciência fonológica. 

Para Martins (2008), a consciência fonológica pode ser compreendida como sendo um processo em que o aluno toma consciência dos sons que compõem a fala.

Adams et al (2006) fazem uma distinção entre os termos "Consciência Fonológica" e "Consciência Fonêmica", embora esses termos muitas vezes sejam aplicados de forma generalizada. Para esses autores, o termo "Consciência Fonológica" é mais amplo, abrange todos os tipos de consciência dos sons que compõem o sistema de certa língua. Segundo eles, a consciência fonológica é composta por diferentes níveis: consciência fonêmica, consciência silábica e consciência intra-silábica.
Já o termo “Consciência Fonêmica" refere-se ao nível do fonema. Segundo os autores, a consciência fonêmica pode ser definida como a consciência de que a língua é composta por pequenos sons que são representados por letras de uma escrita alfabética chamados de fonemas. 

Ainda segundo Adams et al (2006), compreender como funciona o princípio alfabético depende de se entender que todas as palavras são compostas por sequências de fonemas. 

Isso não é muito diferente de entender que as frases são compostas de sequências de palavras, e estas, por sua vez, de sílabas. (p. 103). 

Para Adams et al (2006), uma outra distinção importante que deve ser conhecida pelos educadores é o uso de fonema e fone. O fonema é uma abstração que faz parte da língua, do sistema fonológico, mas não é pronunciado. Já o fone é concreto, são as produções dos falantes. Esses conhecimentos são importantes na prática dos educadores, 
pois, todas as vezes que estiverem trabalhando com a pronúncia de um som, estarão trabalhando com fones. Por exemplo: a professora, ao ensinar "faca" e "vaca", fará o contraste entre os dois fonemas /f/ e /v/v para que os alunos possam perceber as diferenças entre os sons de [f] e [v]. A percepção das diferenças entre os sons é que permitirá aos 
alunos construírem e distinguirem o significado de "faca" e de "vaca". 
A consciência fonêmica desenvolve nos alunos a consciência de que a língua é composta por pequenos sons e que essas pequenas unidades da fala correspondem às letras de um sistema de escrita alfabética. 

Lemle (2007) chama a atenção como esta análise é sutil. O aluno deve ter consciência dos pedacinhos que compõem a corrente de fala e perceber as diferenças de som pertinentes à diferença de letras. 

Se as letras simbolizam sons da fala, é preciso ouvir diferenças linguisticamente relevantes entre esses sons, de modo que possa escolher a letra certa para simbolizar cada som. A diferença sonora entre pé e fé, por exemplo, está apenas na qualidade da consoante inicial: o [p] é uma consoante oclusiva, enquanto o [f] é fricativa. Já as palavras toca e doca, tia e dia distinguem-se por outra característica de suas consoantes iniciais: a consoante [t] é enunciada sem voz, enquanto a consoante [d] é enunciada com voz. As palavras vim e vi têm como única diferença de pronúncia o traço de nasalidade da vogal (LEMLE,2007, p. 9). 

Para Adams et al (2006), apesar de essas diferenças serem sutis, podem sinalizar distinções profundas de significado. Isso ocorre entre "bote" e "bode", "tia" e "dia", por exemplo. As estratégias de consciência fonêmica podem favorecer o leitor em desenvolvimento a aprender a separar esses sons um do outro e a categorizá-los de forma que consigam compreender como as palavras são escritas. “Esse tipo de conhecimento explícito e reflexivo é que denominamos de consciência fonêmica” (ADAMS et al, 2006, p. 22). 6

Martins (2008) apresenta outra análise nas relações entre sons e letras em função do ambiente fonológico e indica que os alunos enfrentam muita dificuldade no processo construtivo: existem mais sons na fala do que letras para representá-los; a correspondência entre letras e fonemas não é unívoca, mas equívoca. O autor sugere que os educadores interessados em alfabetizar conheçam melhor a fonologia da língua materna, como propõe nos quadros abaixo. 


Quadro 1  
Classificação das Consoantes 

Critério: 
Modo de articulação: forma pela qual as consoantes são articuladas. 
Classificação:
a) Oclusivas: há bloqueio total do ar 
b) Constritivas: há bloqueio parcial do ar 

Critério:
Ponto de articulação: local onde a corrente de ar é articulada.
Classificação:
a) Bilabiais: ambos os lábios 
b) Labiodentais: lábios e dentes superiores 
c) Linguodentais: língua e dentes superiores 
d) Alveolares: lábios e alvéolo dos dentes 
e) Palatais: dorso da língua e céu da boca (palato)
f) Velares: parte superior da língua e palato mole 

Critério:
Função das cordas vocais
Classificação:
 a) Sonora: as cordas vocais vibram.
b) Surda: as cordas vocais não vibram 

Critério:
Função das cavidades bucal e nasal 
Classificação:
a) Orais: o ar sai somente pela boca 
b) Nasais: o ar sai pela boca e pelo nariz 
Fonte: Martins (2008)


Quadro 2
Conhecendo melhor alguns aspectos da estrutura da língua, o educador poderá diagnosticar dificuldades, como a troca de fonemas como /p/ e /b/, ambos oclusivos, para intervir de forma mais eficiente. 

Estratégias de consciência fonêmica, como rimas, ritmos, atividades de escuta, discriminação de sons, podem ajudar os alunos a encontrar semelhanças, diferenças, quantidades e ordem dos sons da fala, contribuindo para a construção do princípio alfabético. Também poderão ser desenvolvidas estratégias que ampliem a capacidade de os 
alunos analisarem as palavras em uma sequência de fonemas isolados, separando-os e sistematizando-os. Essas estratégias de análise e síntese, quando aplicadas, ampliam a consciência da palavra e da sílaba. 

Consciência da palavra e de frases 

Lemle (2007) define "palavras" como os acasalamentos de sons e sentido que utilizamos como "tijolos" na expressão dos nossos pensamentos. Para a autora, os alunos que vão aprender a escrever devem saber isolar, na corrente da fala, as unidades que são palavras, pois essas unidades deverão ser escritas entre dois espaços em branco. Pode-se compreender que assim se constrói a consciência da palavra para a autora. 

Para a literatura em geral, a consciência sintática representa a capacidade de segmentar a frase em palavras e, além disso, perceber a relação entre elas e organizá-las numa sequência que dê sentido. 

Adams et al (2006, p. 65) definem três propriedades básicas da frase: 

• As frases são cadeias linguísticas pelas quais transmitimos nossos pensamentos. 

• As frases são, por outro lado, compostas de sequências de palavras com significado, passíveis de serem faladas. 

• A presença ou ausência de significado em uma frase depende das palavras que ela venha a conter, bem como da ordem específica dessas palavras. 

Cagliari (2002) elenca várias dificuldades que um aluno pode apresentar de escrita quando não constrói a consciência da palavra. Algumas delas podem ser analisadas em sintonia com as observações de Lemle (2007). Ambos observam que na fala não existe a separação de palavras, a não ser quando marcada pela entonação do falante. Isso levará o aluno a produzir escrita do tipo "eraumaveis" ("era uma vez") - juntura intervocabular, ou segmentação indevida, como "a gora" ("agora"), "a fundou" ("afundou") ou ainda "minha miga" ao invés de "minha amiga". 

Consciência silábica 
Nas atividades de análise das palavras em unidades menores, sílabas, uma estratégia eficaz é solicitar que os alunos batam palmas escandindo as sílabas. Podem iniciar com seus próprios nomes, sussurrando e repetindo apenas com os lábios. As atividades devem ser ampliadas progressivamente, de acordo com a capacidade deles de analisar palavras em sílabas, utilizando-se de palavras diferentes, mas conhecidas e familiares para eles. 

Outras estratégias darão sequência nesse processo: determinar o número de sílabas sem bater palmas, organizar sílabas em fichas para compor palavras, contar quantas sílabas tem a palavra, contar quantas letras foram necessárias para formar a sílaba e quantas sílabas para formar a palavra. 

Atividades de análise e síntese são fundamentais na construção do princípio alfabético. 
Os linguistas e fonoaudiólogos orientam para a necessidade de ajudar o aluno a ouvir e a perceber os fones nas palavras, utilizando atividades como pronunciar os sons de uma palavra de forma muito clara e vagarosa, ou pedir aos alunos que pronunciem as palavras e sons em voz alta, para favorecer a construção da aprendizagem. Adams et al (2006) observam que essas atividades de análise precedem as atividades de síntese por exigirem um exercício cognitivo menos complexo. 
Os mesmos autores observam que os alunos, ao construírem a consciência silábica, estarão descobrindo que algumas palavras podem ser divididas em partes menores, isto é, em sílabas. Os alunos, compreendendo que as sílabas são unidades compostas por fonemas e que cada fonema é representado por um signo, as letras, sentir-se-ão competentes para criarem novas palavras a partir da construção da consciência silábica. 

Os mesmos autores desenvolvem várias estratégias como jogos de palavras, fichas, blocos ou cubos coloridos para favorecer esta construção. Observam a importância de pronunciar as palavras com clareza, mas sem distorcê-las levando em conta a ortografia. 
Por exemplo, a palavra "massa" deve ser pronunciada como "ma-ssa", e não "mas-sa" (ADAMS et al, 2006, p. 35).9

Sistematizando, as estratégias para desenvolver a consciência fonológica nos alunos seguem a linha cronológica do princípio alfabético. Segundo Adams et al (2006), os alunos aos poucos são levados a observar que as histórias são construídas a partir de frases, as frases a partir de palavras, e as palavras, de sílabas, as quais por sua vez são construídas de fonemas. Para orientar o trabalho do professor, os autores apresentam uma série de objetivos que nortearam a aplicação das atividades, são eles (ADAMS et al, 2006, p. 34): 

• Jogos de escuta: estimular a habilidade das crianças de prestarem atenção a sons de forma seletiva; 

• Jogos com rimas: usar rimas para a introdução dos sons das palavras às crianças; 

• Consciência das palavras e frases: desenvolver a consciência das crianças de que a fala é constituída por uma seqüência de palavras; 

• Consciência silábica: desenvolver a capacidade de analisar as palavras em sílabas, separando-as e sistematizando-as; 

• Introduzindo fonemas iniciais e finais: mostrar a existência de fonemas nas palavras e como o sentido da palavra muda de acordo com a mudança do fonema; 

• Introduzindo as letras e a escrita: introduzir a relação entre grafemas e sons da fala; 

• Consciência fonêmica: demonstrar a existência de uma seqüência fonêmica nas palavras; 

• Avaliando a consciência fonológica: atividades que auxiliam na avaliação do nível geral de consciência fonológica.

Vários autores afirmam que as estratégias que envolvem a consciência fonêmica só fazem sentido se os alunos já souberem distinguir com segurança uma letra da outra. É importante ressaltar que as estratégias propostas, ao serem aplicadas, precisam ser contextualizadas à realidade de cada turma e monitoradas pelo professor. 

Para Klein (1990), a alfabetização caracteriza-se pelo fato de desenvolver a textualidade e também os conteúdos pertinentes à codificação e decodificação. A alfabetização, nesse sentido, diferencia-se dos demais momentos da língua devido a essa especificidade: o ensino do código, seus elementos, valores e relações. Há, portanto, conteúdos de ensino da língua escrita que são permanentes em todo o transcurso da escolarização, mas há conteúdos que, uma vez aprendidos, estarão na produção do aluno. A alfabetização, ao cuidar da sistematização dos princípios organizadores da linguagem (codificação e decodificação) e das habilidades da linguagem (ouvir, falar, ler e escrever), 
estará construindo nos alunos conhecimentos prévios que nos anos subsequentes ao Ensino Fundamental darão condições para o letramento.

Fontes:
www.cpgls.ucg.br
http://cfonologica.blogspot.com.br/