O
QUE É LITURGIA.
“A liturgia
é a fonte primária do
Verdadeiro espírito cristão” (Paulo VI).
Liturgia
é uma palavra da língua grega que quer dizer: Ação do povo, ação em
favor do povo.
É a ação de um povo, reunido
na fé, em comunhão com toda a Igreja, para celebrar o Mistério
Pascal – Morte e Ressurreição de Cristo, presente na Assembléia,
oferecendo-se ao Pai como culto perfeito.
Como o Concilio Vaticano II
definiu a liturgia? À luz da Constituição litúrgica “Sacrossanctum
Concilium” – que foi o primeiro documento conciliar, publicado em Roma no dia 4
de dezembro de 1963 -, podemos dizer que é: “ uma ação sagrada pela qual através de ritos
sensíveis se exerce, no Espírito Santo, o múnus sacerdotal de Cristo, na Igreja
e pela Igreja, para a santificação do homem e a glorificação de Deus” (cf SC,
7).
Aprofundando
melhor no conceito do “Sacrossanctum Concilium” veremos:
a) Ação sagrada – Quer
dizer: ação de uma comunidade – Igreja onde Cristo age. É sagrada, pois
comunica Deus e por ela nos comunicamos com ele. E ai entra a fé e o amor.
b)
Ritos sensíveis – Esta comunicação com Deus, por
Cristo e em Cristo se faz através de sinais e símbolos, isto é, de forma
sacramental.
c) O múnus sacerdotal de Cristo - É ele
(Cristo) quem age e continua a realizar a obra da salvação de modo que todos
possam realizar a sua vocação sacerdotal recebida no Batismo.A ação sagrada é
de Cristo. É ele o sacerdote principal – o oferente e a oferta.
d)
Na Igreja e pela Igreja – Cristo
não age sozinho, mas se faz presente na e pela ação da Igreja toda.
e)
Para a santificação do homem e a glorificação de Deus – Estes são
os dois movimentos de cada ação litúrgica: o movimento de Deus para o homem – a
santificação. E o movimento do homem para Deus – a glorificação.
Outra Definição que possuímos da liturgia é, conforme o documento de
Medellín?
“A liturgia é a ação de Cristo
Cabeça e de seu corpo que é a Igreja. Contém, portanto, a iniciativa salvadora
que vem do Pai pelo Verbo e no Espírito Santo, e a resposta da humanidade
naqueles que se enxertam, pela fé e pela caridade, no Cristo, recapitulador de
todas as coisas. A liturgia, momento em quer a Igreja é mais perfeitamente ela
mesma, realiza indissoluvelmente unidas, a comunhão com Deus entre os homens, e
de tal maneira que a primeira é a razão da segunda. Se antes de tudo procura o
louvor da Glória e da graça, também está consciente de que todos os homens
precisam da Glória de Deus para serem verdadeiramente homens” (Medellín – lit.
9,2)
ASSEMBLÉIA
LITURGICA.
“Proclamai uma reunião sagrada! Reuni o
povo, convocai uma assembléia, congregai
os anciãos, reuni os jovens”... (Joel 2,16)
Definição:
É uma reunião de pessoas em vistas
de um determinado objetivo, meta ou fim.
Assembléia Litúrgica: É um
povo convocado por Deus para responder à sua Palavra em atitude de fé. É o
corpo de Cristo: sinal visível do grande mistério da Igreja em toda a sua
realidade.
Quem convoca a assembléia litúrgica
é o próprio Deus. Foi ele quem escolheu cada um de seus membros (“fui eu que
vos escolhi” – Jô 15,16) por chamado especial. “Tomar-vos-eis por meu povo, e
serei o vosso Deus” (Ex 6,7).
O
QUE CELEBRA O POVO
“A
obra da salvação, continuada
pela
Igreja, se realiza na liturgia.”(Sc,6)
Como
toda Celebração, a liturgia envolve um grande acontecimento: trata-se de
celebrar o MISTERIO PASCAL – a paixão, a morte, a ressurreição e a glorificação
de Cristo. E é este o acontecimento central de nossa fé.
MISTÉRIO
PASCAL.
Mistério Pascal:
Costumamos dizer que liturgia é a celebração dos mistérios de Deus. Que
mistérios são esses? Quando falamos em mistérios de Deus queremos indicar os projetos
de Deus que se realizam na pessoa de Jesus Cristo: a redenção e a salvação
de todos os homens, a implantação do Reino de Deus no mundo, a participação de
todos da vida e da felicidade de Deus...
Qual é o mistério central da vida
de Cristo? É a sua paixão, morte e ressurreição. Que nome se dá ao mistério
da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo? Dá-se o nome de Mistério Pascal.
E o que se quer dizer Pascal? Deriva-se de páscoa, que significa passagem.
Portanto, mistério pascal é a passagem de Cristo pelo sofrimento e morte até a
sua ressurreição-glorificação.
Quando se fala em mistério pascal
não se deve pensar somente em Jesus. A páscoa de Jesus está unida à páscoa do
povo de Deus. A páscoa é páscoa do Cristo total: cabeça e membros.
O que faz a liturgia? A
liturgia celebra a páscoa do Senhor e a páscoa do se povo. Celebra os
sofrimentos, a morte, a ressurreição-glorificação de Jesus; mas celebra também,
por um lado, as lutas as dores, as angústias e a morte do nosso povo, e por
outro lado, celebra suas conquistas, alegrias e esperança em vista de uma
sociedade fundada na justiça e na fraternidade.
Que lugar ocupa a liturgia no
plano de Deus? Deus organizou, um
plano que passa pelos profetas e por Cristo chega até nós. E ele quis o
prolongamento deste plano na história dos homens. A liturgia se inscreve na
continuidade da Obra de Deus desde a criação até a Parusia - o fim dos tempos,
quando na Nova Jerusalém celebramos de um modo perfeito e definitivo a liturgia
celeste (SC, 8).
O Papel da Liturgia na Missão de
Cristo: Para unir, reunir e
congregar todos os homens em Deus, Cristo permanece presente, atual, vivo, hoje
e sempre na celebração litúrgica. Ele é o litúrgico por excelência. É altar e
oferenda, vítima e holocausto. Nele encontra-se a plenitude do culto divino.
Toda a vida de Cristo é litúrgica e sacerdotal. Está a serviço:
Ä Da glorificação de Deus (“Eu te louvo, ó Pai” – Lc 10,21);
Ä As santificação dos homens (“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
– Jô 8,32);
Ä Da reconciliação de todos com Deus (“Eu não quero a morte do pecador, mas que ele se
converta e viva” – Mt 9,13).
Papel da Liturgia na Vida da Igreja:
Ä É o próprio Deus que envia:
|
- Seus profetas;
|
|
- Seu Filho – Jesus Cristo;
|
|
- Seus apóstolos e discípulos;
|
|
- Sua Igreja.
|
|
|
Ä E estes são enviados para:
|
- Pregar a BOA NOVA;
|
|
- Realizar a obra da Salvação;
|
|
- Oferecer sacrifícios;
|
|
- Celebrar os sacramentos.
|
Daí é que podemos dizer que a
liturgia é a Igreja viva como: sacramento, sinal e instrumento de união com
Deus e de Salvação dos homens.
A Liturgia é vida para a Igreja: A
vida da Igreja resume-se no serviço de Cristo que salva. Por isso, a Igreja é
sinal, instrumento e sacramento visível de unidade e salvação. Este serviço é
de modo especial a liturgia – serviço em favor do povo. Nela a Igreja atualiza
o Mistério Pascal do Cristo para a salvação do mundo e louva a Deus em nome de
toda a humanidade.a liturgia é o momento culminante da vida da Igreja, da
atuação do Espírito Santo e da perseverança do Cristo Glorioso. É a vida da
Igreja onde o Cristo se faz presente, realizando a salvação do seu povo.
Liturgia é, portanto, a salvação celebrada atualizada, acontecida e vivida.
A
HISTÓRIA DA LITURGIA.
“Para conservar a sã tradição e abrir ao mesmo tempo
o caminho a um progresso legítimo, faça-se uma
investigação
teológica histórica e pastoral
acerca de cada uma das partes da liturgia que
devem ser revistas”. (SC,23).
O que Cristo deixou determinado com relação a
liturgia?
Jesus Cristo não deixou nada
escrito. Não traçou nenhum ritual de cerimônias religiosas. A grande liturgia
de sua vida foi, de fato, a sua entrega, na cruz, oferecendo-se como
sacrifício, ao Pai e aos homens. Os apóstolos, porém, assistidos pelo Espírito
Santo, organizaram as primeiras comunidades e criaram maneiras novas para o
culto das mesmas. Tudo foi sendo conforme a realidade e necessidade do povo.
A Igreja vai se encarnando, se
aculturando, se adaptando conforme as necessidades de cada lugar e de cada
época. E isto é bem claro com relação a
liturgia. No principio, os apóstolos, como os primeiros cristãos, continuam
freqüentando o templo para oração. A Igreja, no seu começo, não possuía um culto próprio diferente do culto do
judaísmo. Mas, ao mesmo tempo que freqüentavam o templo, os cristãos iam
criando formas próprias de culto. O mesmo vai acontecendo nas casas.
Ai, os cristãos se reúnem para a sua
liturgia, celebrando a nova aliança com morte de Cristo pela renovação da Ceia
Pascal do Senhor.
AS PRIMERIAS LITURGIAS.
“Eles mostravam-se assíduos ao
ensinamento dos apóstolos à comunhão
fraterna, à fração do pão e às orações”. (At 2,42).
Nossa liturgia tem sua origem (fato): A nossa liturgia tem a sua origem na última ceia de
Jesus Cristo com o grupo dos 12 apóstolos. Dela falam os evangelistas Mateus
(26,26-28) Durante a refeição •
,
Jesus tomou o pão e, depois de ter pronunciado a bênção, ele o partiu; depois,
dando-o aos discípulos, disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo • A
seguir, tomou uma taça e, depois de ter dado graças, deu-a a eles, dizendo:
Bebei dela todos, pois isto é o meu
sangue, o sangue da Aliança, derramado em prol da multidão, para o perdão dos
pecados • Marcos
(14,22-25) e Lucas (22,19-20) e o
apóstolo Paulo (1Cor 11,23-25). Eles ainda apresentam o pedido de Jesus “Fazei
isto em memória de mim”.
Liturgia
será sempre memória: De Jesus Cristo. Ou melhor, da sua Paixão e morte,
ressurreição e ascensão. Para nós a celebração eucarística é um “memorial” –
nela recordamos a ceia de Jesus na véspera de sua morte, na qual se entregou ao
Pai por nós.
As
Primeiras Liturgias nas primeiras comunidades: As primeiras liturgias das
comunidades primitivas eram bem celebradas e participativas; conservavam um
sabor especial que era a presença viva de Jesus. Celebravam nas casas, entre as
famílias.
Os
alimentos, os cantos, a música, tudo era parte das pessoas e não algo estranho
a elas. A Eucaristia era, acima de tudo, a recordação viva do mestre Jesus. E
essa recordação era para ser confrontada com a vida pessoal de cada um e com a
vida da comunidade. O mais importante em tudo isto era a viva participação de
todos: “Quando estais reunido, cada um de vós, pode cantar um canto, proferir
um ensinamento ou uma revelação... mas que tudo se faça para a edificação”
(1Cor 14,26).
Entre os primeiros Cristão já havia uma rito da
palavra: Os primeiros Cristãos
reunidos para a liturgia tinham a consciência de que a pregação dos apóstolos
era a Palavra de Deus. Após ouvir com atenção, a pregação dos apóstolos, eles
celebravam a ceia do Senhor. Assim, desde o inicio, a palavra anunciada
antecede à celebração Eucarística.
Porque os cristãos das comunidades
primitivas tinham o costume de reunir-se no domingo? Porque foi no domingo
– “o primeiro dia da semana” – que o Senhor Jesus Cristo Ressuscitou.
“Devido à tradição apostólica que
tem sua origem no dia mesmo da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada
oitavo dia o Mistério Pascal. Esse dia Chamava-se justamente dia do Senhor ou domingo. Neste dia, pois, os
cristãos devem reunir-se para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da
Eucaristia, lembrarem-se da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor
Jesus
e darem graças a Deus que os regenerou
para a viva esperança, pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos.”
(1Pd 1,3).Por isso, o domingo é um dia de festa primordial que deve ser
lembrado e inculcado à piedade dos fieis, de modo que seja também uma dia de
alegria e de descanso do trabalho”. (
cf. SC, 106).
O modo como as primeiras comunidades celebravam a
eucaristia? (Atos 2,42-47) Eles
eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do
pão e às orações •
O temor se apoderava de todo mundo: muitos prodígios e sinais se realizavam
pelos apóstolos. Todos
os que abraçaram a fé • estavam unidos • e tudo partilhavam. Vendiam as suas propriedades e os seus bens para
repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um. De comum acordo, iam diariamente ao Templo • com assiduidade: partiam o pão em casa, tomando o
alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram favoravelmente aceitos por
todo o povo •
. E o Senhor ajuntava cada dia à comunidade os que
encontravam a salvação.
O que aprendemos da Liturgia dos
primeiros Cristãos: Os primeiros cristãos não apenas celebravam a liturgia,
mas vivia a liturgia. Do se comportamento podemos retirar algumas lições para nós,
hoje:
Ä Constata-se, em primeiro lugar, uma estreita ligação
entre a celebração e a vida deles. A celebração da entrega do Corpo e Sangue do
Senhor Jesus era a expressão da doação de suas vidas pelos outros. Todos se
preocupavam pelos problemas de todos “Um por todos e todos por um”.
Ä Descobre-se também a presença de uma comunidade
ativa por ocasião das celebrações, de onde se tirava força para viver a
mensagem libertadora de Jesus Cristo.
Ä Denuncia-se ainda a barreira que impede a celebração
autêntica: o egoísmo de alguns ricos que se uniam em grupos fechados e
marginalizavam os pobres. Aparece a exigência da mudança de vida, para que a
Eucaristia seja, de fato, sinal e instrumento de transformação social, para
criar verdadeira comunhão e não apenas reunião.
(cf 1Cor 11,17-34).
(1Cor 11,
17-26). Isto posto, eu não
tenho de que vos felicitar: as vossas reuniões, muito ao invés de vos fazer
progredir, vos prejudicam. Primeiramente, quando vos reunis em assembléia,
há entre vós divisões, dizem-me, e creio que em parte seja verdade:
é mesmo necessário que
haja cisões entre vós, a fim de que se veja quem dentre vós resiste a essa
provação
• . Mas
quando vos reunis em comum, não é a ceia do Senhor que tomais.
Pois na hora de comer,
cada um se apressa a tomar a própria refeição • , de maneira que um tem
fome, enquanto o outro está embriagado • . Então, não tendes casas
para comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus, e quereis afrontar os que
não têm nada? Que vos dizer? É preciso louvar-vos? Não, neste ponto eu não vos
louvo.
De fato,
eis o que eu recebi do Senhor•, e o que vos transmiti•: o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou pão, e após ter
dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, em prol de vós•,fazei isto em memória de mim• . Ele fez o
mesmo quanto ao cálice, após a refeição, dizendo: Este cálice é a nova Aliança
no meu sangue; fazei isto todas as vezes que dele beberdes, em memória de mim. Pois todas
as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do
Senhor, até que ele venha.
Ä Sente-se a ligação entre a missa e Igreja: pela
Eucaristia a Igreja se constrói anunciando, denunciando e vivendo Jesus.
O
Domingo.
“No
dia do Sol todos nos congregamos... Porque nesse dia ressuscitou dentre os mortos
Jesus Cristo, nosso Salvador”. (São Justino).
De onde vem este nome? São
João, no Apocalipse, é o primeiro autor sagrado que fala do “ Dia do Senhor”:
Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, na realeza e na perseverança
em Jesus, encontrava-me na ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus...” (cf. Ap 1,9-10a).
No final do século I a Didaqué
também faz menção deste nome: “Reuni-vos cada Dia do Senhor, parti o pão
e daí graças depois de haver confessado vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício
seja puro”.
Qual é a origem do domingo? Estes mesmo textos citados demonstram que era
costume dos apóstolos assistir ao culto sinagogal, continuando logo com uma
vigília que se estendia até a madrugada do primeiro dia. Havia, pois, uma
justaposição do culto sabático judeu com o nascente culto dominical cristão.
O que se celebra neste dia? São Justino dá testemunho da consciência da
celebração semanal da Páscoa da Igreja nascente: “nos reunimos no dia do sol,
tanto porque é o primeiro dia em que Deus Criou o mundo, como porque nesse
mesmo dia Cristo, Salvador, ressuscitou dentre os mortos”.(Ap. nº 67)
Quais as característica do domingo
Cristão?
Ä A Aspersão
– recordação da incorporação batismal no mistério de Cristo.
Ä A celebração da Eucaristia e a obrigação de
assistência à mesma.
Qual a origem da idéia do repouso dominical? Sua origem descansa na doutrina vétero-testamentária do sábado. No
cristianismo só se conhece a partir da segunda metade do século III. O
imperador Constantino se encarregou de generalizar o descanso dominical
estabelecido como lei o que já era costume bastante difundido entre os
cristãos. Prescrições cada vez mais rigorosas foram aparecendo no século
seguinte.
Qual é a significação teológica do domingo na
tradição cristã? Podemos considera-la em três aspectos, a saber:
Ä O dia da Ressurreição – Aspecto Comemorativo:
Nos primeiros séculos do cristianismo, a Páscoa foi
a única festa que se celebrou em toda a Igreja a sua celebração foi semanal.
Concretamente, no domingo. A primazia do domingo sobre os demais, como
comemoração anual, apareceu bem mais no século II. São inumeráveis os
testemunhos da celebração dominical da Páscoa. Santo Inácio de Antioquia
recomenda festejar o oitavo dia “Porque
nele Jesus ressuscitou dentre os mortos”. Tertuliano dá ao domingo o
nome de “Dia da Ressurreição”. Posteriormente, São Jerônimo, Santo Agostinho e
outros remontam aos apóstolos a instituição do domingo como “a celebração
semanal da Ressurreição”.
Ä O dia da vinda do Senhor – Aspecto escatológico.
O elemento escatológico é essencial na fé e na vida
cristã. “ A Igreja, nos ensina o Concilio Vaticano II, a que todos temos sido
chamados em Cristo Jesus e na qual, pela graça de Deus, adquirimos a santidade,
não será elevada à sua plena perfeição senão quando chegar o tempo da
restauração de todas as coisas” (At 3,21) e quando o gênero humano, também o
universo inteiro, que está intimamente unido com o homem por ele alcançar seu
fim, será perfeitamente renovado. (cf Ef
1,10; Cl 1,20 e 2Pd 1,10-13).
Isto é o que professamos todos os
domingos na recitação do credo: “... de novo há de vir julgar os vivos e os
mortos (...) Cremos na ressurreição da carne e na vida eterna”. (Cf. Profissão
de fé).
Como se vê esta ansiosa espera da
Igreja da vinda definitiva do Senhor tem lugar, de maneira especial, na
celebração litúrgica do domingo, chamado também o “oitavo dia”, quer dizer o
dia que segue ao tempo, o dia eterno “que não conhece o ocaso”.
Ä O dia da presença do Senhor – Aspecto Significativo.
A celebração dominical de Cristo ressuscitado
atualiza em nossas existências sua presença e seu ministério salvífico. A
constituição Sacrossanctum Concilium sobre a liturgia, no nº 7, nos mostra os
vários modos da presença de Cristo e de seu ministério na Celebração
Eucarística. Desta maneira se vê claro que o domingo é o dia da presença do
ressuscitado. É o “aqui e o agora” da festa cristã.
Através dos distintos elementos da celebração
dominical, se fazem presentes, no meio de sua Igreja, o Senhor Ressuscitado e
seu mistério salvífico pascal.
Qual é o elemento determinante do dia do Senhor?
Assim como o domingo se caracteriza,
antes de tudo, pela reunião da comunidade eclesial para escutar a palavra de
Deus e participar da Eucaristia (SC nº 106), a santificação do domingo com a
Eucaristia não é algo imposto à vista do cristão, por um preceito da Igreja,
mas que é um elemento constitutivo e determinante do Dia do Senhor que é por
ele mesmo o dia da comunidade.
O domingo é o dia da fraternidade
cristã:
Foi nesse dia que São Paulo quis que
se fizesse uma coleta em favor dos irmãos da Igreja de Jerusalém. E segundo o
testemunho de São Justino era também nesse dia que os fiéis ajudavam aos irmãos
mais necessitados. A Assembléia Dominical convoca todos os fieis para reunir-se
em comunidade de irmãos, testemunhas do
ressuscitado. A Eucaristia – sinal e origem da unidade – os ligava uns aos
outros com um laço profundo: a vida de Cristo.
Por isso não foi difícil compreender porque desde o principio foi constituído
este dia como o dia da caridade fraterna.
O
Ano Litúrgico.
“Revela
todo mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a encarnação e nascimento até
a ascensão, ao pentecostes, à expectativa da feliz esperança e da vinda do
Senhor”. (SC,102)
Conceito:
È o período através do qual a Igreja
celebra todo o mistério de Cristo: da Encarnação ao Pentecostes e à espera da
vinda do Senhor. Inicia com o primeiro domingo do advento e termina com a festa
de Cristo Rei.
O começo:
Nos primeiros tempos do cristianismo
havia somente os domingos. Cada domingo era de festa. Celebrava-se o mistério
Pascal: morte e ressurreição do Senhor. Com o tempo, os cristãos começaram a
celebrar um destes domingos de modo especial: chamado o domingo da Páscoa.
Depois, celebravam em dias
determinados do ano, uma festa especial ou outros acontecimentos importantes da
vida de Cristo: Nascimento, Epifania, Ascensão, Pentecostes. Assim teve origem
a festa do Ano Litúrgico.
A divisão do Ano Litúrgico: O Ano litúrgico tem fundamentalmente dois grandes
ciclos: o da Páscoa, o mais importante, e o do Natal. Cada um tem uma
preparação, a celebração e o prolongamento. O que corresponde ao seguinte
esquema:
Ä O CICLO DA PÁSCOA:
Preparação
– Quaresma:
|
Os
catecúmenos se iniciam na vida da Igreja. Os batizados renovam os
compromissos do Batismo pela penitência.
|
*
Idéias-força deste tempo: Oração, conversão e penitência.
|
|
Celebração:
Páscoa, Ascensão e Pentecostes.
|
|
*Idéias-força
deste tempo:
|
Ser
testemunha da Ressurreição pela palavra e pelas obras, na vida: familiar,
pessoal e social.
|
Prolongamento:
Domingos depois de Pentecostes.
|
Ä O ciclo do Natal:
Preparação
– Advento:
|
A
vinda de Jesus na humanidade. Está incluída a espera de Jesus na Glória e sua
vinda no dia de nossa vida.
|
*Idéias-força
deste tempo:
|
A
esperança e o desejo de que Cristo se manifeste na História dos homens.
|
Celebração:
Natal e Epifania.
|
|
ü
Natal:
|
Assumido
a natureza na Virgem Maria, Cristo se torna participante da natureza divina.
|
ü
Epifania.
|
A
manifestação de Jesus como filho de Deus representada pelos magos. Os homens
a quem Cristo se manifesta devem, por sua vez, manifesta-lo aos outros como
fizeram os pastores e os reis magos.
|
Prolongamento:
Domingo após a Epifania.
|
|
O TEMPO COMUM:
Além dos tempos com características
próprias, restam no ciclo anual 33 ou 34 semanas. Nelas, não se celebra algum
aspecto especial do mistério de Cristo, mas comemora-se o próprio mistério de
Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos. Este é o tempo comum.
Começo e fim do tempo comum: Inicia-se
na segunda-feira seguinte ao domingo depois do dia 6 de janeiro e se estende
até a terça-feira antes da Quaresma. Recomeça na segunda-feira depois do
domingo de Pentecostes e termina antes das primeiras vésperas do primeiro domingo
do advento.
Culto aos dias dos Santos: A
celebração do mistério de Cristo se completa na festa dos Santos, que são
membros gloriosos da Igreja. Sem dúvida, Jesus é o único Santo. E é tão santo
que comunica aos homens a sua própria santidade. No principio do Cristianismo a
Igreja festejava os mártires que tinham dado a vida pela fé (Cf. Ap 14,1-5;
21,4). Terminadas as perseguições o povo começa a venerar os grandes heróis da
santidade: bispos, eremitas, etc...
O vaticano II afirma que os santos
são “os nossos irmãos, amigos e benfeitores”. A Igreja proclama “O Mistério
Pascal (SC nº 40) nos santos que sofreram e são glorificados em Cristo”.
Cada Igreja particular honra os
santos mais ligados à piedade popular. No fim do ano, reunimos numa só festividade
todos os santos, de todos os povos e nações que já chegaram à Glória do Pai.
O Lugar de Maria: Entre todos
os eleitos, resplandece a figura de Maria de Nossa Senhora – Mãe de Jesus e Mãe
do Povo de Deus. Ela é “membro eminente e modelo da Igreja”. Várias vezes,
anualmente, desfilam diante de nós as festas de Nossa Senhora – sem esquecer o
mês de maio, a ela totalmente
consagrado.
Esquema
do Ano Litúrgico.
|
Advento:
|
Inicio:
|
ü 4 domingo antes do Natal.
|
|
Término:
|
ü 24 de dezembro à tarde.
|
|
|
Espiritualidade.
|
ü Esperança e Purificação da vida.
|
|
Ciclo do Natal
|
Ensinamento.
|
ü Anuncio da vinda do Messias.
|
|
Cor.
|
ü Roxa.
|
||
|
|
|
|
Natal.
|
Inicio:
|
ü 25 de dezembro.
|
|
Término:
|
ü Na festa do Batismo de Jesus.
|
||
Espiritualidade.
|
ü Fé, alegria e acolhimento.
|
||
|
Ensinamento.
|
ü O filho de Deus se Fez Homem.
|
|
|
Cor.
|
ü Branca
|
|
|
|
|
|
|
Tempo comum
(1ª parte).
|
Inicio:
|
ü 2ª Feira Após Batismo de Jesus.
|
|
Término:
|
ü Véspera da 4ª feira de cinzas.
|
|
|
Espiritualidade.
|
ü Esperança e escuta da Palavra.
|
|
|
Ensinamento.
|
ü Anúncio do Reino de Deus.
|
|
|
Cor.
|
ü Verde.
|
|
|
|
|
|
|
Quaresma
|
Inicio:
|
ü Quarta-feira de cinzas.
|
|
Término:
|
ü 4ª feira da Semana Santa
|
|
Ciclo da Páscoa.
|
Espiritualidade.
|
ü Penitência e Conversão.
|
|
Ensinamento.
|
ü A misericórdia de Deus.
|
||
Cor.
|
ü Roxa.
|
||
|
|
|
|
Páscoa
|
Inicio:
|
ü 5ª feira Santa (Tríduo Pascal)
|
|
Término:
|
ü No Pentecostes.
|
||
Espiritualidade.
|
ü Alegria em Cristo Ressuscitado.
|
||
|
Ensinamento.
|
ü Ressurreição e vida eterna.
|
|
|
Cor.
|
ü Branca.
|
|
|
|
|
|
|
Tempo comum
(2ª parte).
|
Inicio:
|
ü 2ª feira após o Pentecostes.
|
|
Término:
|
ü Véspera do 1º Domingo do Advento
|
|
|
Espiritualidade.
|
ü Vivencia do Reino de Deus.
|
|
|
Ensinamento.
|
ü Os Cristãos são o sinal do Reino.
|
|
|
Cor.
|
ü Verde.
|
|
ü Nota: Além das festas de |Jesus, dentro do Ano
Litúrgico estão as festas da Virgem Maria, dos Apóstolos e dos outros Santos.
|
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